terça-feira, 19 de novembro de 2013

A história de Lassie

Lassie não precisa de um lar, ela tem uma família e uma cama quentinha com seu potinho de água e comida, ela também e saudável não sofre maus tratos e, pelo contrário, é muito amada.
Mas com uma vida tão boa assim, vocês devem estar se perguntando por que ela esbarrou com uma protetora e ainda ganhou um post. Vamos, então, à historia dessa peludinha tão querida.

Eu a conheci em um dia muito quente quando estava a caminho do mercado. Sempre pego atalho por uma espécie de favela, não é bem favela porque não tem morro e nem casas abertas, mas é um bairro extremamente humilde, com muitas casas improvisadas uma ao lado da outra, e quando estava a ponto de virar a esquina avistei uma cadelinha se ajeitando embaixo de uma árvore. Quando vi a pequena deitando bem na esquina onde passam muitos carros, na hora liguei o alerta, fechei o o carro e fui ver se ela estava bem, pois como estava muito quente e o lugar era muito movimentado, pensei que pudesse estar passando mal e que tinha decidido parar na primeira sombra encontrada. Ao me aproximar, devagar, mostrando que eu não oferecia ameaças, estendendo as costas da mão para ela cheirar (eu sempre faço isso quando não conheço o animal, chego com calma e ao estender a mão próximo ao seu rosto e esperar que ele se aproxime para cheirar demonstro que não sou ameaça e que respeito suas decisões, mas não abaixo a cabeça ou aparento medo, para mostrar também que tenho consciência da minha autoridade na situação) e feito isso fui recebida com uma cafungada e uma orelhinha passando pela minha mão pedindo carinho. Notei que era uma cadelinha muito dócil e em meio ao meu bate papo (sim, eu converso muito com eles), analisando se havia algum machucado ou sinal de doença, fui interrompida por uma senhora que estava à porta de uma casa do outro lado, que me explicou que aquela era a Lassie, sua cadelinha, e que ela gostava de passear pela rua, estava acostumada com o movimento e quando cansava de caminhar ficava ali na arvore até decidir que era a hora de voltar para casa.

Sua dona se chama Sheila e ela me contou que seu sobrinho havia encontrado a cadela ainda bebê, há dois anos, abandonada em uma fábrica e desde então ela está com eles e era muito bem tratada (realmente, com exceção de alguns carrapatos, não vi mais nada além de um peso adequado para o porte da pequena, dentes fortes e um rabinho muito "abanador"). Ela me contou também que estava triste porque os filhotes de sua última ninhada morreram em uma enchente ocorrida na semana anterior e foi aí que percebi que havia um trabalho de proteção a ser feito. Lassie tinha 2 anos e já tinha dado cria 4 vezes, gerando pelo menos 8 filhotes em cada uma, estamos falando de 32 novos animais no mínimo, e mesmo que todos os que sobreviveram tenham sido doados, tenho conhecimento pelo tempo de proteção que nem todos os adotantes têm os cuidados necessários e que infelizmente muitos podem ter voltado para a ruas, ou até não, mas se não foram castrados estão gerando mais e mais filhotes.

Conversamos sobre castração, dona Sheila ficou muito feliz com a ideia de não aparecerem mais filhotes a cada 6 meses e entendeu que o procedimento faria bem também à saúde de sua cachorrinha. Uns 10 dias após a nossa conversa Lassie ganhou uma coleira nova com identificação e foi comigo até a clinica Miau AuAu, onde foi castrada com todo o cuidado pela Dra. Katia e no mesmo dia voltou para casa. Três dias depois tomou uma nova injeção e antibiótico e ontem a noite quando fui visitá-la, estava lá, toda faceira na porta de casa cuidando de sua dona que estava conversando com as vizinhas. 

A minha intenção com esse post é mostrar que há outros meio de ajudar um animal. Lassie não precisou ser resgatada, não precisou de lar temporário e nem ir à feirinha de adoção, mas simplesmente de duas manhãs do meu mês, uma para levá-la para a cirurgia e outra para tomar o medicamento.
Se você quer ajudar, mas não tem tempo ou espaço em sua casa para isso, castre o animal de uma pessoa carente. Explique ao dono quais as vantagens para o peludinho, conte ao veterinário que escolher que está fazendo uma castração voluntária, tente negociar um preço mais acessível e divulgue essa ação aos seus amigos.

Muitos dizem que se cada pessoa adotasse um animal o nível de abandono já diminuiria consideravelmente (diminuiria por que infelizmente, hoje, não há casa para todos se cada pessoa adotar somente um), agora imagine que se para cada adoção houver também uma castração de um animal de família humilde,quantos mil filhotes evitaremos em um ano??

Prevenir também é proteger. Leia, reflita e repasse essa ideia.


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Em breve um post somente sobre as vantagens da castração.

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